Este blog faz mal à saúde. Se conhece alguém com influência ou com um martelo de orelhas, mande fechar este blog. Não se admite tamanho atentado à integridade intelectual dos cidadãos. E à integridade física dos llamas chilenos. Nem que José Carlos Malato faça tanta cura de emagrecimento e apareça todo nú em festas gay mais gordo ainda. E não se admite que não haja quem arranje uma cadeira mais larga para o João Gobern se sentar

Friday, January 09, 2009

Eu acho que o frio é estúpido. E as vagas também.

Irra, que está frio!!

É impressionante a capacidade que os portugueses demonstram para se adaptar a qualquer situação. Chega a parecer o povo mais solidário do mundo. O primeiro-ministro diz «atenção, vem aí a crise» e a malta, pimba!, num extraordinário volte-face, passa a viver toda em crise, sem dinheiro para comprar o pão que está cada vez mais caro, só para fazer a vontade ao PM e não deixar que ele passe por mentiroso. Agora anda tudo a adaptar-se ao tempo gelado e já mete nervos entrar em qualquer lado e ouvir as pessoas fazer competições de quem é que mediu a temperatura mais baixa na madrugada anterior.

Mas o frio não é culpa dos portugueses em si e, segundo me parece, também não é do primeiro-ministro em particular. O frio, ao que parece, é culpa do Fernando Torres. O El Niño, ao contrário do que muitos pensam e poucos se deram ao trabalho de explicar, não é um furacão. É um fenómeno climatérico que resulta das correntes de águas quentes do Oceano Pacífico e que ocorre durante entre 12 e 18 meses. Não há um só El Niño. Há vários e repetem-se, de tempos a tempos, atacando em bandos. Também é verdade que ainda ninguém descobriu, em pormenor, o que raio é que as águas quentes fazem, ao certo, ao mais pacífico dos oceanos para provocar tantas alterações climatéricas no planeta todo. Certo é que os pescadores têm medo dele e que se chama El Niño porque começa a ter lugar lá para o final de Dezembro, portanto, na mesma altura em que o menino está nas palhas deitado ou nas palhas estendido (neste particular também ninguém se entende). O El Niño tem uma irmã, que é a La Niña, e que é absolutamente contra as práticas sádicas do irmão. Vai daí, faz precisamente o contrário - arrefece as águas do Pacífico. Andam os dois constantemente a desfazer aquilo que o outro faz e quem paga é o clima.

A consequência maior do El Niño no estado do tempo em todo o mundo é provocar sucessões de anos muito quentes e secos e anos muito frios e molhados. A consequência maior do El Niño em Portugal é provocar vagas.

Em Portugal há vagas para tudo, menos para a faculdade de Medicina. Dependendo da altura do ano e do mau-humor do El Niño, há vagas de incêndios. Desata tudo a arder por todos os lados e gastam-se horas e horas de televisão com reportagens em directo dos locais onde largaram fogo ao país. Passam aviões de um lado a deitar água para apagar o fogo e, do outro, a largar balõezinhos a arder. Em alturas concomitantes também decorrem vagas de calor. Morre-se aos magotes na Amareleja, onde a temperatura no alcatrão derrete vigas de ferro, e os hospitais - esses locais fresquinhos e arejados por natureza - abarrotam de gente a queixar-se de afrontamentos. Em certas alturas do ano, nomeadamente antes do Natal, há vagas de maus resultados no Sporting, prontamente compensadas lá para Abril pelas vagas de maus resultados do Benfica, que, no fundo, já duram desde Setembro do ano anterior mas toda a gente achava que era uma «fase». Em períodos esporádicos de um ano, nomeadamente os que coincidam com nomeações para «jogador do ano» em qualquer categoria, há vagas de notícias sobre Cristiano Ronaldo. Em épocas de chuva há vagas de cheias. E agora, neste preciso momento, estamos a atravessar uma vaga de frio.

O frio, segundo as enciclopédias, é uma sensação associada a baixas temperaturas. O que quer dizer, no fundo, que este frio que estamos a sentir não existe, muito menos a vaga de frio que nos querem vender. Frio, meus amigos, está em Pavlograd, na Ucrânia, onde estão -19º, ou então em Winnipeg, no Canadá, onde estão -23º, ou até mesmo em Nagano, no Japão (que é onde foi tirada a última foto deste texto), onde estão -16º mas parece que estão -45º. Aqui onde eu finjo que trabalho temos uma funcionária de Kishinev, na Moldávia (onde estão neste momento -13º) que ouviu a malta conversar, no café, sobre o frio que está. Olhou para mim e encolheu os ombros, dizendo «frriô... aqui nô é frriô... en Kishinev temos Primaveras com menos-cinco...».

Uma coisa é certa. Na Suécia consegue-se estar na rua com -20º e só congela a pontinha do nariz. Aqui em Portugal, com 2º, parece que os ossos vão estalar como o extreminardor implacável 2. Este frio corta, entranha-se nos ossos, morde nos dedos dos pés, faz gretas nas mãos, arrefece a sopa que está na mesa há meio-minuto e esgota com as Plumas nos postos de abastecimento da Galp.

Não tenho dúvidas: o El Niño é um bicho mau, mas é especialmente cruel connosco, que estamos aqui mesmo à beirinha do Atlântico. Vá lá que nunca se lembrou de nos mandar vagas de terramotos ou vagas de atentados terroristas... ops!, bolas, agora dei-lhe ideias...

brrrrrrrrrrrrr...
o

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Para o improvável caso de alguém querer saber as coisas parvas que por aqui se dizem...

Coisas que se dizem assim por aí...

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