Este blog faz mal à saúde. Se conhece alguém com influência ou com um martelo de orelhas, mande fechar este blog. Não se admite tamanho atentado à integridade intelectual dos cidadãos. E à integridade física dos llamas chilenos. Nem que José Carlos Malato faça tanta cura de emagrecimento e apareça todo nú em festas gay mais gordo ainda. E não se admite que não haja quem arranje uma cadeira mais larga para o João Gobern se sentar

Sunday, December 10, 2006

Canta por mim. No Rossio. Ou no raio que parta.

Depois de duas tentativas para liderar o serão de domingo, com esses dois colossos da reality-ficção que foram «O meu odioso e inacreditável esterco, perdão, noivo» e «Pedro, o mamilionário», a TVI convenceu-se finalmente que talvez fosse preciso que alguém tivesse uma boa ideia - em vez de uma diarreia mental - para combater esse cada vez mais decadente género ambíguo doutorado em umbiguismo chamado Herman José, que por acaso está na estação concorrente, que por acaso é a SIC, que por acaso até costuma ganhar a última noite do fim de semana, com qualquer coisa como 375 mil espectadores. Ou seja, 375 mil espectadores a mais que o «Pedro, o mamilionário» alguma vez poderia aspirar.

Ora, como o Zé Moniz não é rapaz de se ficar e deixar o Pinto Bálsamo a rir, houve que repensar a estratégia:
- chutamos o futebol lá para as quinhentas, porque já ninguém tem paciência para ouvir o João Querido Manha descorrer, durante duas horas, sobre os 19 remates que o Benfica fez à baliza da Naval, mais 9 do que na época passada, 53% do lado direito e 44% a passarem 4,5 centímetros a razar o poste, mais do que qualquer outra equipa da primeira liga, mas menos do que o campeão do regional dos Açores, série oriental, que completa 92% dos ataques pelo lado esquerdo, 55% dos quais com êxito;
- desistimos da ideia de fazer do Zé Castelo Branco um homem e fazêmo-lo crer, de uma vez por todas, que ele não tem jeito para fazer televisão; nem de homem;
- anunciamos desde já o Big Brother 19, para aguçar o apetite;
- compramos mais uns «Fidel ao Infidel» ao bimbo do brasileiro, que há malta que acha mesmo mesmo que aquilo é verdade;
- imitamos a RTP, que até já ganha os sábados, mas em vez da Nectarina Forcado usamos a nossa grande estrela de variedades, tão certamente comparável em estilo, em beleza e em voz cristalina, que é a Júlia Primeiro; mas para não nos acusarem de plágio, inventamos que o programa serve para causas nobres: arranjamos uns desgraçados que morem em barracas, fingimos que nos importamos que eles e que lhes vamos arranjar dinheiro para mandar arranjar as goteiras no tecto da casa de banho; e está feito

Tendo em conta que a RTP acabou de estrear um formato novo dos quatro gatos mal-cheirosos (mesmo que com uns momentos de estúdio pouco mais que sofríveis), foi uma estratégia brilhante. Porque «Canta por mim», sendo um verdadeiro desastre em matéria de conteúdo, graça, fleuma e qualidade, tem tudo para ser um sucesso, como de resto todas as produções da TVI. Tanto dinheiro gasta a Sociedade Ecoponto com anúncios das crianças pseudo-engraçadas a promover a reciclagem, quando no fundo bastava entregar a produção do anúncio à TVI, que certamente transformaria o lixo em momentos altíssimos de televisão.

Mas como em Queluz habitam aquelas que são, provavelmente, as mentes mais iluminadas da TV em Portugal, provavelmente até as mentes mais iluminadas da física e da medicina também, mas em part-time, lembraram-se de promover APENAS as estrelas da própria estação. Um pouco a exemplo da SIC, quando promove a Floribrega em todos os programas, rigorosamente todos, a toda a hora, incluindo o noticiário da manhã e à hora em que dá o trânsito. Depois junta-se uma ou outra figura não-estação, tipo Lili Caneças, para ninguém nos acusar de vestir demasiado a camisola.

Ora o acontece é que as «estrelas» da estação são... enfim, estrelitas. E o pior de tudo é que este firmamentozito tem que cantar em dueto com... hum... «estrelas» do meio musical. Regra geral, o resultado não é desastroso: é a seguir. É um terramoto. Um horror. Perfeito para a TVI, portanto. E a cereja em cima do bolo é que alguns dos convidados (os que supostamente sabem cantar) atingem uma mediocridade tal que as «estrelas» da TVI (as que supostamente não sabem cantar e, de facto, não sabem) conseguem cantar melhor que eles. Foi o caso de há umas semanas, quando um tal de Joaquim Horta conseguiu cantar algumas notas, enquanto uma tal de Marta Plantier insistia em vomitar qualquer coisa parecida com uma canção. E atenção que o primeiro é um actor e a segunda, supostamente, é «cantora».

Depois vem o júri, constituído por essas duas verdadeiras sumidades no meio artístico que são Felipa Granel e Jan tenho-uma-granda Van Dijck, e pelo Maestro Vitorino D'Almeida, que até percebe de música, mas neste programa consegue descer ao nível dos outros e dá 10 pontos a toda a gente, como se de repente a TVI tivesse descoberto uma série de Pavarottis em embrião. Salientam todos que estão a votar no valor artístico da «estrela» e não no talento do «cantor» e nem mesmo na «causa» nobre que estão a defender.

Depois vem o povo e vota no preferido, tipo num tal de Tomás Santos, um rapaz que conseguiu acertar ao lado em todas as notas de uma só música, mas ganhou só porque cantou com o FF.

Tuesday, December 05, 2006

A maldição da fila

Sempre que vou a uma superfície comercial, seja ela qual for, fazer a comprinha mais insignificante do mundo, há-de sempre haver azar. Seja na mercearia do Sr. Abel, nos mosqueteiros, no mais barato da região, no mundo de atoalhados para o lar ou no 'eu é que não sou parvo', o tormento é sempre o mesmo. Não, não são as filas enormes para pagar. Com isso posso eu bem. O que me tira do sério é que, na minha fila, rigorosamente à minha frente, calha sempre uma das seguintes pessoas:

- a senhora que se esqueceu da margarina e pede licença para voltar atrás para ir buscá-la, prometendo demorar 2 segundos mas demorando, na verdade, 4 minutos e meio;
- a senhora que leva o marido e que se põe a discutir com ele porque lhe disse que queria o ambientador rôxo e ele trouxe o amarelo, já na semana anterior tinha sido a mesma coisa, disse-lhe para trazer o atum em água e ele trouxe em óleo e isso faz muito mal ao fígado e ela sofre de lumbago e não pode beber leite com natas...;
- a senhora que leu o preço na prateleira errada, quer levar uma caixa de detergente da roupa que custa 39 euros pela módica quantia de 9,99 euros e, mesmo apercebendo-se do ridículo da situação, manda chamar alguém à caixa para confirmar o preço, não dando assim parte fraca;
- a senhora que atendeu uma chamada de telemóvel no preciso momento que começou a colocar as compras no tapete, fazendo-o à razão de um produto por cada vez que diz 'não acredito, ele fez isso?!' e ignorando as perguntas da menina da caixa que se questiona se poderá misturar as latas de feijão com os toalhetes e com o fio dental comprado na secção ménage;
- a senhora que entrega um cartão multibanco que não passa na máquina e, ao fim das primeiras 47 tentativas, pede para tentar mais umas duas ou dezassete vezes e, convencendo-se que é inútil, troca por um cartão visa que, assim que passa na máquina, dá a mensagem 'não autorizado', ao que ela exclama 'mas não é possível', contando depois a história toda de como uma tia distante que era mãe solteira e a filha tinha sífilis lhe deixou uma herança de uns maples de napa que ela mandou leiloar e que o dinheiro já lhe devia ter entrado na conta e que o marido está ausente no Brasil em negócios e ao fim de 12 minutos a contar a história das primas, descobre um molho de notas dentro da carteira que chegam para pagar as contas e ainda dá troco;

São sempre as mesmas e fazem de propósito para calhar na minha fila, à minha frente.

Monday, December 04, 2006

Tem um problema informático? Não chame o informático...

Quando o meu carro vem da oficina, padece normalmente de um problema pior do que aquele com que lá chegou.

- «Sôr Antunes, tenho o carro a deitar fumo branco do escape, um pisca pendurado, a panela a roçar no chão e as escovas do pára-brisas não funcionam...»
- «Ah, mas o motor canta que é uma maravilha, oiça só...»

Com os computadores é mais ou menos a mesma coisa. O meu rato (que raio de nome para uma coisa que mais parece uma carocha gigante...) apanhou a filoxera e o botão do lado esquerdo deixou de funcionar. Logo aquele que nem faz falta nenhuma nem nada. Liguei ao «infó» (nome carinhoso para «nerd-que-passa-a-vida-em-frente-a-um-computador-e-foi-contratado-por-uma-empresa-para-ajudar-na-manutenção-dos-computadores-mas-percebe-menos-disto-que-a-minha-tia») a explicar o que se passava. Ao que ele retorquiu:
- «Já fez ri-bute?»
E eu:
- «Quê??»
E ele:
- «Pergunto se já reiniciou a sua máquina...»
- «Ó rapaz, então mas se o rato deixou de funcionar, para que raio vou reiniciar o computador agora??»

Ao fim de sete minutos e meio - tempo que demora a operação de restart sem a ajuda do rato, o que pode tornar-se deveras complicado - lá o convenci que o botão do lado esquerdo não estava mesmo a funcionar. Quase 25 minutos depois apareceu com um rato igual, ligou-o, fez o tradicional «ri-bute» de que os «infós» tanto gostam e fartou-se de carregar no botão do lado esquerdo para se certificar que estava a funcionar. Depois fez aquele sorriso tipo piada dos Malucos do Riso como quem diz «vá... queixa-te lá agora...» e foi embora. O rato que tenho agora não anda para a frente, falta um dos apoios da bolinha e a rodinha de scroll também não funciona...

A minha colega do lado queixou-se que o monitor estava a ficar estragado, entortava a imagem e dava-lhe cabo dos olhos. O «infó» trouxe-lhe um novo (ou seja, usado já com seis anos) que tem a particularidade de ter a imagem toda cor-de-rosa. Deve ser para combinar com ela.

O colega da frente não se queixou de nada, mas os «infós» vieram cá tirar-lhe o PC. «Vamos pôr mais memória na sua máquina», disseram-lhe. O computador voltou hora e meia depois, rigorosamente com a mesma memória e com um Windows 2000 em vez de um XP.

É por estas e por outras que eu digo: se tiverem um problema informático, não peçam ajuda aos informáticos.

Ele há reclames que...

Se a Vodafone consegue, porque é que os outros não?

Devo dizer que não tenho nenhuma predilecção especial pela Vodafone, embora reconheça que, hoje em dia, é uma marca registada com uma amplitude e uma projecção difíceis de calcular. Mas quase dou por mim a contar os dias para que termine uma estação para ver o que vão inventar da próxima vez. Aqueles dois lorpas são duas das mais cómicas figuras da TV. Hoje vêmo-los na estação de Belém, à espera do Baltazar. Mas já os vimos, no Verão, a lamentar a fuga do papagaio caríssimo. Na Primavera, a (tentar) meter conversa com o Olavo Bilac. Ou no Verão anterior, a mandar calar um cão que ladrava também ele rouco. Ou ainda no mais cómico de sempre, num destes natais, em que lembravam a Heidi e o sítio onde supostamente morava.

Refiro-me às campanhas «fale até não poder mais» daquele operador. Não creio que custem rios de dinheiro a fazer, mas estou em crer que conquistem muitos clientes. Cativam, têm génio, têm espírito, criam no espectador a vontade de esperar pelo próximo intervalo para rever o anúncio. Ou então deixar estar na TVI, porque nos blocos comerciais de 20 minutos é frequente ver os anúncios repetidos. Às três de cada vez.

Se criam no espectador a vontade de ver mais vezes, é meio caminho para que se cumpra o desígnio máximo do marketing: criar no consumidor a necessidade de ter aquele produto.

Não entendo, por isso, como é que se cativa alguém dizendo: «o nosso anúncio é mau, pois é. Mas preferimos gastar menos dinheiro com anúncios e ter um óleo de melhor qualidade». (Se ainda não repararam, há um anúncio assim...) Onde está a vantagem de mostrar ao cliente que, com os 230 mil euros que custaram comprar os blocos de 20 segundos no intervalo da Floribella, se conseguiu apenas fazer um anúncio mau? Não seria mais eficaz mostrar que, gastando menos em produção, se gastaria o mesmo dinheiro em publicidade na TV para dizer, simplesmente: «comprámos este espaço publicitário para lhe dizer que esté é o óleo perfeito para os seus cozinhados». Fundo vermelho, para chamar a atenção, imagem do produto e letras a amarelo com o nome. Simples, directo, eficaz.

Passemos dos pouco inteligentes aos medíocres. Evitando tecer comentários sobre os spots da Yorn (aparentemente, é suposto ser assim... talvez porque todos os yorns devem ser uns freaks), tenho que fazer referência a duas monstruosidades que nos invadem as TV, ainda por cima sem autorização nossa.

No primeiro caso, um jovem com muito pêlo e nenhuma ponta por onde se lhe pegue enfatiza uma espécie de striptease lânguido e desconjuntado ao mesmo tempo, na esperança que alguém lhe ponha uma nota de 20 na liga. Depois alguém vocifera o slogan, alguma coisa do género 'não precisa de se esforçar para ter dinheiro, ligue para nós que a malta empresta'. No segundo caso, um jovem despede-se do seu amorzinho no aeroporto, porque ela vai embarcar para longe e, coitada, vai passar dois meses sem ver o seu amado. Então ele saca da arma infalível para ela nunca o esquecer: no bolso interior do casaco, de facto o local mais apropriado para o efeito, escondia uma caixa de bonbons! UAU! Emoção! Mas o que mais abonina no maldito anúncio é a música, uma dobragem do original que faz dois ou três trocadilhos ridículos com os termos «obrigado» e «merci».

São apenas alguns exemplos. Para mal dos nossos pecados, a lista dos maus anúncios de TV não teria fim a tempo de caber neste blog. A lista dos bons tem apenas uma mão-cheia de entradas.

Para o improvável caso de alguém querer saber as coisas parvas que por aqui se dizem...

Coisas que se dizem assim por aí...

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