Este blog faz mal à saúde. Se conhece alguém com influência ou com um martelo de orelhas, mande fechar este blog. Não se admite tamanho atentado à integridade intelectual dos cidadãos. E à integridade física dos llamas chilenos. Nem que José Carlos Malato faça tanta cura de emagrecimento e apareça todo nú em festas gay mais gordo ainda. E não se admite que não haja quem arranje uma cadeira mais larga para o João Gobern se sentar

Tuesday, January 30, 2007

Não sei onde fica o Inferno, mas suspeito que é em Atenas...

Não faço ideia onde fica o Inferno. Já tentei saber junto de algumas pessoas que faleceram, mas não obtive resposta. Já li sobre o assunto, mas não fiquei esclarecido. Parece que os pensadores, filósofos, teólogos e autores de livros também não se conseguem entender sobre a localização ou o tipo de acolhimento no Inferno: há uns que acham que é um pequeno spa com o qual os mortos se cruzam apenas de passagem, queixando-se obviamente da temperatura da água, que está demasiado elevada; outros acreditam que é todo um aglomerado de cavernas e masmorras nas profundezas do Universo, onde se sofre como o raio, não se come nada de jeito, faz um calor dos diabos (no verdadeiro sentido da expressão «um calor dos diabos») e onde os demónios são bichos ruins que destratam os mortos, vergastando-os com paus e fisgas; e há também quem acredite que o inferno tem sete portões, um para cada tipo de morto, dependendo da quantidade de travessuras que cometeram em vida, do estilo:

- “portão 1, indivíduos que nunca acharam piada aos anúncios do Ecoponto”
- “portão 2, indivíduos que em toda a sua vida nunca aprenderam a dizer correctamente as palavras ‘parteleira’, ‘númaro’, ‘curássant com creme’ ou ‘standér de automóveis’
- “portão 3, indivíduos que já foram sócios do S.L. Benfica”
- “portão 4, indivíduos que deram dinheiro para assistir a pelo menos uma encenação do Filipe La Féria”
- “portão 5, indivíduos que pertenceram a bandas de música que tivessem incluído as palavras ‘Roxette’, ‘Scorpions’ ou ‘Quinta do Bill’”
- “portão 6, indivíduos que começam as frases com a expressão «é assim...»
- “portão 7, advogados, primeiros-ministros, presidentes de câmaras, actores da Floribella, presidentes de clubes de futebol, comentadores políticos da TVI, funcionários das finanças, violadores, assassinos, espanhóis e outros escroques do género”

Seja como for, faltam explicações, minha gente. Ainda ninguém provou onde fica esse tal de Inferno e como se faz para lá chegar: vira-se à direita ou à esquerda em Fernão Ferro? E afinal, para que é que ele serve, se as pessoas quando lá chegam já estão mortas?

Não faço ideia onde fica o Inferno, mas suspeito que fica na Grécia. Não faço ideia porque chamam “Inferno” ao “Inferno”, porque o verdadeiro nome do “Inferno” devia ser “Atenas”. É o único sítio do mundo inteiro – e olhem que eu conheço quase o mundo inteiro, falta-me apenas a ilha melanésica de Vanuatu e a Trafaria – que eu acredito que seja pior que o Inferno, mesmo nunca lá tendo estado (no Inferno).

As placas que indicam as direcções estão escritas em duas línguas: em língua de cão, aquela que tem os caracteres indecifráveis mas que tem uma oralidade minimamente parecida à de um catalão ofendido; e em linguagem ocidental, o que ainda assim não serve para nada, porque mesmo a tradução é incompreensível. As ruas parecem Bagdad antes de um bombardeamento, mas para pior, porque no Iraque pelo menos os bombardeamentos sempre contribuem para limpar algum do lixo do chão. Quanto às placas de trânsito, não tenho dúvidas, foram mesmo directamente importadas de Bagdad: não há uma que não tenha buracos feitos por um calibre 9mm ou mesmo por um zagalote de caçadeira de canos cerrados.

O trânsito de Atenas faz os passageiros frequentes do IC19 corar de vergonha de todas as vezes que lembram as queixas sobre a demora nas filas. Entrar numa das avenidas do centro de Atenas por uma das perpendiculares leva o mesmo tempo que ir de Gaia ao Estádio do Dragão, via Ponte da Arrábida. Às oito da manhã. As vias principais até são grandes, assim tipo a largura da Avenida da Boavista, ainda que com um comprimento sete vezes maior. Há vários cruzamentos pelo meio, quase todos eles com sinais de trânsito que proíbem a inversão de marcha. Pois em quase todos eles há gregos a fazer inversão de marcha. Únicos cruzamentos onde ninguém faz inversão de marcha: aqueles em que, de facto, é permitido fazer inversão de marcha.

Os gregos não gostam lá muito de matrículas. Cruzei-me com, pelo menos, uns 70 que andavam sem matrícula atrás, uns 190 que andavam sem matrícula à frente, e até com um que não tinha nem atrás nem à frente. Vi um Smart sem matrícula, que transportava um cão atrás dos bancos, naquela amostra de porta-bagagens.

De todos os lados aparecem motos. Nascem das ruas pequenas, dos passeios, dos cruzamentos, de dentro de casas e garagens. Aparecem de todos os lados, como moscas em volta de uma sardinhada. Sou tentado a pensar que as motos, em Atenas, não têm travões. Deve ser um extra. De todos os gregos que vi em cima de uma moto, e eram quase tantos como os japoneses que visitavam a Acrópole, nenhum usava o travão. Nem mesmo na iminência de serem esmagados no meio de dois carros que trocavam de faixa. De todos os motociclistas que vi, praí uns três ou dezassete mil, só quatro usavam capacete: um para proteger o cotovelo, dois para proteger o pendura, e outro que, de facto, usava o capacete na cabeça, mas afinal era um alemão. Anda tudo sem capacete, calma e descontraidamente, sem medo de ter um acidente numa cidade em que o trânsito é tão sossegadinho (porque, na verdade, não anda nem para a frente nem para trás). E sem medo dos polícias, porque de facto é proibido andar sem capacete em Atenas. Mas não se nota. Os polícias, gente simpática, estão impecavelmente fardados e até têm luvas brancas. Não vi um deles que fosse a multar motociclistas por andarem sem capacete. Nem mesmo quando, em frente a um polícia que tentava mandar avançar o trânsito num cruzamento, uma moto de cross e uma scooter quase chocaram de frente.

Por acaso até assisti a um choque: um furgão e uma carrinha de caixa aberta. Num cruzamento, claro. 394 automóveis tentavam avançar e aí uns 792 tentavam fazer inversão de marcha. Do outro lado, um enxame de motos tentava cruzar a via da esquerda para a direita. O furgão e a carrinha de caixa aberta tocaram-se, frente com flanco, e os condutores começaram a discutir. Como tenho uma certa dificuldade em entender essa língua de gregório… perdão, de grego, fiz como os ingleses me ensinaram e comecei a tentar decifrar a amena cavaqueira de ambos pela body language. O resultado foi este:

- “Tira daí o camião, ó palhaço!”
- “Eu já cá estava quando chegaste aqui e palhaço és tu, ó arraçado de Karagounis!”
- “É é… deves ser do Panathinaikos, com esse mau feitio!”
- “Por acaso sou do Olympiakos!”
- “Olha, tem graça, eu também sou!”
- “E aquele jogão de ontem, hã?! Somos os maiores!”
- “Este ano vamos ser campeões da Europa, pá!”
- “Isso já fomos! Aviámos os portugueses!”
- “Vá, baza daí e deixa-me passar. Até um dia destes!”
- “Tchau! Porta-te bem!”


E foi isto.

Fiquei com a ideia que os gregos, especialmente os de Atenas, são uns saudosistas. Passam a vida a lembrar feitos históricos do passado: os primeiros Jogos Olímpicos, a tomada de Tróia a bordo do ferry-boat, ou melhor, a bordo do cavalo, os primeiros teatros, os grandes filósofos, a conquista do Euro-2004, o início das obras no Partenon (em 1983)… A certa altura, numa fila de trânsito – uma das mais pequenas, tinha apenas uns 17 quilómetros de extensão – há um grego que sai do carro dele e dirige-se para o carro de trás (convém esclarecer que o carro de trás era aquele em que eu estava). Bate na janela do condutor que, complacente, baixa o vidro. Ele pergunta qualquer coisa em grego, do género:

- “Sabes como é que se vai para a ilha de Creta, virando à esquerda em Fernão Ferro?”
Ao que o condutor responde:
- “Sorry. Don’t speek greek.”
E o grego:
- “Ah… no greek… ‘oquéi’… where are you from?”
E nós:
- “Portugal.”
E o estúpido:
-“Ahhh… ‘Portugaló’!... You remember… euro-2004?”
E nós:
- “E se fosses apanhar no…?”

Visitar os pontos históricos de Atenas tem a sua piada, até porque não consta que haja um monumento de homenagem à conquista do Euro-2004 (se houvesse, talvez fosse a estátua de um brasileiro de bigode sentado num tarolo). Subir ao alto da Acrópole, afinal, não custa nada (qualquer Bom Jesus enfia aquela subida num chinelo) e aquilo lá em cima até tem piada. Os gregos sempre foram rapazes extremamente evoluídos: demoraram anos e anos e anos (e mais anos e anos) para construir essa obra fabulosa que é o Partenon e estão a demorar anos e ainda mais anos para acabarem com as obras de restauro. Mas sempre andaram claramente à frente do seu tempo: mesmo construído no Século-V a.C., o Partenon apresenta uma interessante colecção de sofisticados andaimes de ligas metálicas modernas. Espalhada pelo recinto histórico está uma série de pedras com gravuras em relevo, todas elas vedadas para ninguém lhes tocar. São pedras que foram restauradas e pertencem aos monumentos, só que ninguém sabe a que parte. É tipo puzzle: hão-de caber num sítio qualquer, logo se vê. Lá para o ano 2047 pensa-se nisso.

Até há um museu lá em cima, onde estão expostas peças de arte recuperadas do interior dos monumentos da Acrópole, gravuras incompletas (todas em mármore roubado às ilhas do Mediterrâneo) que os gregos dos tempos modernos não conseguiram gamar na totalidade. Em cada canto do museu há uma estátua de um grego com a pila à mostra. Do lado oposto, há mais estátuas, desta feita gregas vestidas com fardas modernas e sentadas em pequenos banquinhos. Ah… afinal não são estátuas. São gregas a sério e estão vivas, pese embora as únicas partes do corpo que mexem sejam os maxilares, os lábios, o bigode e a língua, para gritarem “no flash!” à malta que ignorou aquela advertência à entrada do museu que dizia… “não tire fotos com flash”. É que ninguém obedecia, se calhar porque o aviso estava em grego. Emprego estimulante, esse de empregada de museu. Imagino-as a chegar a casa, à noite, lá pelas 23h, depois de terem saído do trabalho às cinco da tarde e de terem apanhado um pouquinho de trânsito, à mesa com o grego que as comprou, perdão, que casou com elas:

- “Bem, Alexandrinis, nem imaginas o meu dia hoje”
- “Então que tal?”
- “Tive que dizer ‘no flash!’ trinta e quatro vezes, foi extenuante!”
- “Hum-hum… passa aí a pita shoarma, ó fáxavôr…”


Dizem que uma das coisas mais bonitas da Acrópole é a vista que se tem sobre a cidade de Atenas. Confesso que tenho alguma dificuldade em entender o que há de “bonito” numa cidade que se estende a perder de vista, com um aglomerado de construção 85 vezes pior do que a Fonte da Telha (numa área útil quase igual), e com uma nuvem de poluição a pairar sobre as casas, mais castanha que um dia de São Martinho. Algures lá pelo centro da cidade, mais ou menos naquela zona em que se vê a estrutura do Estádio Olímpico (o novo, aquele mamarracho que só serviu praticamente para os Jogos Olímpicos de 2004), há uma interessante mistura cultural: entre um prédio mais moderno, um hotel e uma embaixada, há sempre uma mesquita de inspiração ortodoxa, quase todas elas com aspecto mais abandonado que o Túnel do Rossio.

O melhor de Atenas, para mim, é a pista de onde os aviões levantam voo dali para fora. Fiquei com uma ideia razoável do hotel onde fiquei, uma construção moderna e feita muito com orientação de design. Até gostei do hotel. Talvez porque era fora da cidade. E porque até se chega lá rapidinho: hora e meia (de carro) desde o centro até lá, um percurso de uns três quilómetros.

Tuesday, January 23, 2007

Carlos Castro: clone, guru, musa inspiradora ou simplesmente padrinho?

Carlos Castro é aquele. Sim, esse mesmo. Trejeitos amaricados, voz de quem se vai despedaçar em cacos ao mais leve encontrão do Marcantonio del Carlo, crítica social e travestis. Calma, não é confusão nenhuma. É mesmo de Carlos Castro que estou a falar, não de Cláudio Ramos.

A questão é que, um e outro, não sendo a mesma pessoa - Castro tem a sua proveta... perdão, provecta idade, Ramos tem quase a mesma mas fez plásticas, incluindo uma mamoplastia de aumento que não foi bem sucedida... mas ele há-de voltar a tentar - são pelo menos bem clonados um a partir do outro. Ramos clonado a partir de Castro, bem entendido. Carlos Castro, com a sua enorme experiência na criação de seres idênticos a si por força das múltiplas encenações da Gala dos Travestis, resolveu dar um passo em diante: ele foi o Ian Wilmut que criou a sua Dolly, a ovelha sendo Cláudio Ramos, claro.

Simplificando: Carlos Castro tem em Cláudio Ramos o seu mais perfeito afilhado, o seu infante, o seu escudeiro, o filho que nunca vai ter, o protótipo de tudo aquilo que gostava de ser. A língua-comprida que ele não pode ter, porque a idade não perdoa e, se chamasse pelos nomes todos quanto critica nas suas colunas sociais, um destes dias levaria um ensaio de porrada tão grande que nem para dar aos porcos serviria. (A propósito, já repararam que, nas crónicas de jet set de Carlos Castro, os elogiados são sempre chamados pelos nomes, e os criticados são sempre mencionados por indirectas e nunca pelos nomes? Esclarecedor sobre coluna vertebral, não?)

Pois parece (parece, porque eu não sei, só ouvi dizer) que Carlos Castro resolveu, numa das suas crónicas do jornal 24 Horas, desancar de alto a baixo o espectáculo recente do Bruno Nogueira. Parece que o Nogueira se refere a ele durante o espectáculo. Parece que Castro não grama dessas intimidades. E vai daí responde-lhe, tipo escândalo de varina ofendida, mas através do 24 Horas. Fino. Finíssimo, diria. É que até se dá ao luxo de admitir que não viu o espectáculo, mas mesmo assim critica. Porque ele teve lá uns amigos que contaram como foi baixo nível e, !credo!, um horror, uma coisa sem gosto. Não sabem do que falo? Então entendam isto melhor graças ao blog amigo.

Eu não conheço Carlos Castro. Mas disseram-me que ele é um grande maricas. Gosta pouco que o estreotipem por causa das preferências sexuais, mas é o primeiro a usar a crítica pessoal e reles (vide as citaçoes «aquela coisa comprida e magra, com uma cabeça esquisista» e «quanto à obsessão que tem por mim, sobre a sexualidade nojenta que expõe, está descansado que não faz o meu género») e a usar da bicheza para reagir como uma Madalena de orgulho ferido.

Também não conheço o Bruno Nogueira. Mas pelo menos há que admirar aquele cabelo de maluco.

Saturday, January 20, 2007

Se é Deus que cria as coisas mais belas da vida, onde estava com a cabeça quando criou Cláudio Ramos?

Estaria bêbado? Ou estava apenas aborrecido connosco (sim, com nós todos) por lhe andarmos a estragar o planeta que criou com tanto amor e carinho? Se Deus criou as coisas mais belas que há, então porque é que criou as mais horripilantes também? E, pior ainda, por que razão resolveu criar Cláudio Ramos? Talvez tenha sido uma experiência que lhe correu mal, tipo Frankenstein... mas pelo menos esse monstro serviu para se escreverem livros e fazer filmes. Cláudio Ramos bem queria saber escrever e que fizessem filmes sobre ele, mas o César Monteiro já morreu. E só ele seria capaz de repetir a proeza de fazer um filme sobre nada.

Cláudio Ramos teve um blog. Ou tem, ainda não percebi bem. Bom, se calhar ainda tem, mas não lhe apetece mais. Ou anda demasiado ocupado, que isto de falar dos outros profissionalmente é coisa que ocupa tempo. Nesse blog Cláudio Ramos escrevia tanta coisa boa, mas tanta coisa boa, que não resisto a trazer-lhes aqui algumas pérolas.

«Escrever é sempre um risco. Porque nunca sabemos muito bem quem vai ler, como vai avaliar o que escrevemos e o mais complicado de tudo, é que por vezes nos mostramos demais, sem ter a certeza se vale realmente a pena...»

Não deixa de ser curioso constatar que Cláudio Ramos vive preocupado com o que possam pensar dele. Tem medo de se expor demais e de ser 'avaliado' por causa disso. O que, de facto, é totalmente o oposto do que ele próprio faz para ganhar a vida (bom, apenas uma das coisas que faz para ganhar a vida, vá). Cláudio Ramos é pago para falar (mal) dos outros. Suspeito, até, que é pago para falar (mal) dos outros exactamente com aquele jeito efeminado com que apresenta o novo trem de cozinha IdeiaCasa. Fez disso profissão e não parece nada preocupado com o facto de avaliar os outros, o que eles fazem e dizem, nem parece preocupar-se que essas pessoas se mostrem de mais. Tem a certeza que vale, realmente, a pena.

«Eu sei que faço crónicas para a tv7Dias, escrevo contos na Men's Healts, entrevistas na Zapping Tv Cabo e ainda tenho o descaramente de estar no meu segundo romance...»

Isto está assim mesmo, hipsis-verbis, no blog da adamada criatura. É natural, portanto, que Cláudio Ramos tenha receio de ser avaliado pelo que escreve. Porque, também nisso, é uma nulidade. Escreve «tv7Dias» apenas com o «D» maiúsculo, não sabe escrever «Men's Health» (é porque «Men's Healts» é mais parecido com o que se diz na oralidade...) e ainda tem o «descaramente» de publicar estas coisas. Gralhas todos damos, meus caros. Mas para quem estava tão preocupado com a reacção dos outros, é deveras preocupante. Sobretudo tendo em conta que Cláudio Ramos escreve... romances.

«Tenho amigos, uma mulher de sonho, familia como toda a gente, mas falta-me a coragem»

Bom... a ver se nos entendemos, Cláudio Ramos. Tem amigos? E fala mal deles gratuitamente? Ou também lhe pagam para isso? E se tem uma mulher de sonho, por que raio a largou para ir viver com o homem com quem sempre andou metido? E por que razão se aventurou a meter-se com uma mulher, se na verdade sempre gostou de homens? E se lhe falta coragem, por que raio passa a vida a dizer que é um indivíduo cheio de coragem? E porque é que o Nuno Eiró existe? (ok, não vem muito ao caso. Mas de repente lembrei-me que esse tal Eiró é um ser quase tão repelente quanto o Ramos e que, no dia em que o criou, Deus estava com um ataque de humor negro terrível).

«(...) como alguém disse a "coragem é a arte de sentir medo, sem que ninguém perceba"»


Hum... é uma citação reveladora. Não por ser especialmente brilhante, mas porque Cláudio Ramos tem o cuidado de não revelar o autor. Talvez porque ouviu esta citação... numa telenovela. Não leu numa grande obra do século XX, não leu em nenhum livro de citações, nem sequer se deu ao trabalho de pesquisar uma citação melhor na internet. Ouviu-a numa telenovela chamada «Laços de Família» e isso marcou-o. Profundamente. Aliás, toda a trama da novela, com o cancro de Camila e a gravidez tardia de Helena, marcaram de forma decisiva Cláudio Ramos, que lacrimejou dias a fio por causa disso e se sentiu inspirado a escrever dois romances. E dois posts com a mesma citação - sim, porque há um post intitulado, precisamente, «Coragem. O que é?» que versa a mesma frase.

«Bem vindos, Cláudio»

É o que está escrito a fechar o mesmo texto. Não se percebe bem porquê, mas é o que lá está. Presumo que sirva para Cláudio Ramos dar as boas-vindas a quem visita o seu blog. Mas está errado em todos os sentidos. Primeiro, porque diz «bem-vindos» (e sem hífen). Ora, «bem-vindos» pressupõe que haja duas ou mais pessoas a olhar para o mesmo ecrã, ao mesmo tempo. Ou então, vá, gémeos siameses, em que um não pode estar a olhar sem que o outro esteja também. Mas depois do plural «bem-vindos», vem o singular «Cláudio». O que dá a bonita frase «bem-vindos, Cláudio», um erro gramatical e semântico em toda a linha.

Tudo isto pode ser visto em http://claudio.ramos.na.tv/ ou, como singelamente se intitula o raio do blog, na.tv.com

Está quase em branco, porque Cláudio Ramos deve ter-se cansado das críticas que lhe foram fazendo ao longo do tempo. Irónico, não?

P.S. - Cláudio Ramos tem um outro blog, que actualiza quando não está menstruado. Chama-se http://euclaudio.blogspot.com

P.S.2 - peço desculpa pelo teor chocante da foto. Havia outras e não era necessário ter escolhido esta, tão erótica. Peço desculpa.

Tuesday, January 16, 2007

De Espanha, nem bom vento, nem boa educação

Os espanhóis devem ser os mais mal-educados do mundo. Mais mal-educados do que os gregos, que apesar de tudo são uns mal-educados que se compreende, porque ser grego já é mau que chegue e viver na Grécia deve dar uma azia terrível. Os espanhóis conseguem, inclusivamente, ser mais mal-educados do que os portugueses. Algo que não deixa de ser notável, tendo em conta que a má-educação está no código genético dos portugueses, mais ou menos na mesma zona em que se encontram os genes que identificam desde logo um verdadeiro português, como o bigode, a incapacidade para conduzir, a faculdade de arrotar altíssimo, o galo de Barcelos e o chico-espertismo. Se bem que, diz-se, o galo de Barcelos é capaz de não ser genético, mas ainda ninguém provou o contrário.

Os espanhóis não têm nada disto no sangue, são mal-educados por convicção. Não espanta, porque os espanhóis, na verdade, não têm identidade nenuhma. Vivem num país estraçalhado por um provincianismo gigantesco - os catalães gostavam de ser independentes, os bascos gostavam de ser franceses, os andaluzes gostavam de ser africanos, os castelhanos e navarrenses não têm vontade própria e os galegos, no fundo, são portugueses, só que ainda não descobriram - falam várias línguas diferentes dentro do mesmo país, julgam-se uma espécie de Estados Unidos da Europa (mas em bom) e ainda se dão ao luxo de ter umas ilhas plantadas no meio do Mediterrâneo e no Atlântico, ilhas essas que só são espanholas para receber os subsídios do governo central. E nem nisso são originais, porque o Beto João já se lembrou disse há muito mais tempo na sua quinta madeirense.

Os espanhóis são tão mal-educados que até roubam terras aos outros só para mostrar a sua falta de educação. Ficaram com Ceuta para mostrar aos africanos que, no fundo, África é espanhola, e ficaram com Olivença para mostrar aos portugueses que, no fundo, são os espanhóis que mandam... em Olivença.

São deselegantes e demodées. Já não se usa ter um rei. Só se for um «Rei dos Frangos da Guia», como há no Algarve, ou um «Rei dos electrodomésticos», como o de Gondomar. Isso sim é que sao reis! Agora um rei do tipo «a família real»? Ridículo... É que, ainda por cima, não só não é original, como já nem entretém: o rei de Espanha não diz barbaridades em público, não é gordo, não tem aspecto de desenho animado, a família dele é extremamente aborrecida e previsível. Uma das filhas casou com um jogador de andebol que era da Catalunha, mas tinha nome húngaro. O filho mais velho andou uma data de anos armado em solteirão, a imitar aquele rapaz dos óculos do Mónaco, mas nem sequer se deixava apanhar numa aventurazinha com uma stripper ou com uma top model ou com uma cabeleireira do Cacém, nada. Enfadonho. Depois casou com uma espanhola totalmente desinteressante e praticamente sem defeitos. E já têm duas filhas. Absolutamente aborrecido. Não consta que ninguém da família real se embebede forte e feio nas festas sociais, como faz (e muito bem) aquele Ernesto de Hannover que sacou a Carolina do Mónaco, o tal que faz xixi no mar Mediterrâneo... da proa do barco. Não consta nenhuma das filhas do rei tenha decidido ir viver para uma roullote com um artista de circo, nem que tenha decidido pôr uma filha bebé a fazer números arriscados com elefantes. Não consta que nenhuma filha do rei de Espanha tenha decidido gravar um disco, como fez a Estefânia. E isto, meus amigos, é extremamente boring. Não tem pontinha de sal.

Mas os espanhóis gostam de dizer que têm muito sal. Chamam-lhe «salero». Mas não têm nenhum. A única espanhola que tem sal, e por vezes chega ao patamar «muito sal», é a paella. Essa sim, é uma espanhola e tanto. De resto, os espanhóis são saloios, bimbos e, não sei se já tinha dito, são mal-educados.

Sentei-me à mesa e, à direita, calhou-me um espanhol. Pequenino, com uma barba farta, óculos grossíssimos, só não era um dos sete anões porque, segundo confirmei, nenhum dos sete anões sabe falar espanhol. Estão a pensar contratar um oitavo que saiba, para fazerem uma digressão pelo Mercosur, mas para já mantêm-se os sete. Perante o espectro de ter que «trocar impressões» com o mini-espanhol barbudo, que desde o instante em que me sentei até ao momento em que toquei pela primeira vez no guardanapo, disse joder! sete vezes, preferi falar com o companheiro português que estava à minha esquerda, que ainda por cima é bom rapaz e do Benfica.

Mas o sacana do espanhol mal-educado não demorou até interromper e meter conversa, ainda por cima agarrando-me com violência no braço, como se me conhecesse há aos. Aliás, nem quem me conhece há anos me agarra assim no braço, porque só me dou com gente educada. Agarrou, falou para a mesa toda debruçado em cima de mim, gritou, comeu com as mãos, disse joder! e óstia! mais 44 vezes, comeu o meu pão, cuspiu-me com perdigotos e fez trinta por uma linha. Até me deu uma palmada no ombro (coisa que até agora me está a traumatizar a ponto de pensar meter baixa por invalidez...). Depois apareceu um rapazito inglês, muito simpático, que esteve por ali uns minutos a conversar, na maior das calmas. O mini-espanhol, calado que nem uma cotovia afónica. Quando o rapazito inglês se foi embora, o gnomo castelhano perguntou: «o que foi que ele disse?». É que os espanhóis só sabem falar espanhol e, mesmo assim, com alguma dificuldade.

Depois apareceu o Fernando Alonso. Os espanhóis, numa ridícula demonstração de subserviência, abraçaram-no, bateram palmas, ajoelharam-se aos pés dele. Não deixaram ninguém falar com ele. E quando ele se foi embora, o espanhol-miniatura perguntou: «querem que vos diga o que ele disse?». Não obrigado, solomillo barbudo. Nós, pelo menos, esforçamo-nos para perceber o que os outros dizem. Mesmo sendo em espanhol.

Por fim, levantou-se da mesa e disse «esperem aqui um instante, que eu vou trazer o Fernando Alonso aqui para tirar umas fotos com ele na nossa mesa». Escusado será dizer que nunca mais apareceu. Ou se calhar apareceu, mas não estava lá nenhum português à espera dele.

O pior da Espanha são os espanhóis. Podiam ser alguma coisa de jeito, convencem-se que, de facto, sao alguma coisa de jeito, mas não são. E é uma pena, na verdade. Porque, se pudesse, era em Espanha que eu vivia. E aqui mesmo, nesta cidade.

Valência, Espanha, 16/01/2007

Para o improvável caso de alguém querer saber as coisas parvas que por aqui se dizem...

Coisas que se dizem assim por aí...

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