Este blog faz mal à saúde. Se conhece alguém com influência ou com um martelo de orelhas, mande fechar este blog. Não se admite tamanho atentado à integridade intelectual dos cidadãos. E à integridade física dos llamas chilenos. Nem que José Carlos Malato faça tanta cura de emagrecimento e apareça todo nú em festas gay mais gordo ainda. E não se admite que não haja quem arranje uma cadeira mais larga para o João Gobern se sentar

Friday, May 15, 2009

Os austríacos têm PH neutro e odeiam alemães*


*o que, a meu ver, me parece uma excelente ideia.

É incrível como a Áustria e a Suíça se confundem em quase tudo: é tudo arrumadinho e limpinho, faz um frio de rachar no Inverno, há demasiados sítios onde se fala alemão (bom, no caso da Áustria, na totalidade deles) e aquela estúpida mania da neutralidade faz-nos ter vontade de lhes arrancar o sorriso da cara com uma ventosa de canalizador. Na Áustria, esta questão da neutralidade é ainda mais irritante, porque está prevista na constituição e, ao que parece, os senhores foram claros o suficiente para escrever um parágrafo a dizer que querem ser neutros para sempre. Mesmo que nasça outro cidadão baixinho e de bigode ridículo.

O que irrita, especialmente, no caso dos austríacos, é que eles têm um ar simpático e tudo aquilo faz sentido. São neutros porquê?, nem eles sabem. São e pronto. Têm um exército e serviço militar obrigatório, mas não sabem para quê (conheço outro sítio na Europa onde já foi assim…). E segundo me explicou um austríaco de gema (nascido em Berlim, portanto), a principal função dos militares austríacos, hoje em dia, é dar assistência aos guardas-fronteiriços. «Para impedir os húngaros de entrar?!», pergunto eu, com o ar aterrorizado de quem nunca leu uma linha sobre História Contemporânea: «não, isso da cortina de ferro já não existe, sixas! [‘sixas’? Eu já te disse como é que me chamo, porque é que me estás a chamar ‘sixas’?? Que panasquice é essa?? Conheces-me há cinco minutos e já estás com intimidades??] Ajudam os guardas da fronteira a impedir a entrada de imigrantes ilegais, é para isso que eles servem!». Ahhh… Quer dizer, vai dar ao mesmo: os austríacos são neutros e não querem mal a ninguém, mas há um Paulo Portas entre eles que é de extrema-direita e não grama dos estrangeiros. E nesse grupo, inclui-se os húngaros. Patético.

No fundo, no fundo, eu preciso encontrar um motivo para embirrar com estes tipos. O idiota tratou-me por ‘sixas’ e já me parece razão suficiente para arranjar confusão e propor um duelo de fisgas. Mas, afinal, ‘sixas’ é apenas uma forma comum de um austríaco dizer ‘tás-a-ver?’. Bolas… ainda não é desta. Insisto na questão da neutralidade, então: «ouve… eu não queria tocar neste assunto, porque é delicado e é do tempo dos meus pais, mas aqui vai…» – diz-me ele com ar sério – «primeiro foram os estúpidos dos alemães, depois foram os soviéticos, toda a gente queria um bocadinho da Áustria no século passado. Vieram para cá os ingleses, os americanos e os franceses e obrigaram-nos a assinar um compromisso de neutralidade para se irem embora daqui e para nos deixarem a salvo dos russos e dos húngaros. Sixas?» OK, deixa-me cá ver se eu percebi isto bem: os austríacos são neutros porque os alemães os meteram nas guerras sem eles pedirem e ainda os deixaram, depois, entregues aos soviéticos e aos húngaros e tiveram que ser os americanos a salvá-los. Portanto, a culpa é dos alemães. Portanto, os austríacos dizem «somos neutros», mas no fundo deviam dizer «somos-neutros-e-não-odiamos-ninguém-a-não-ser-que-sejam-alemães». De um momento para o outro perdi a vontade de embirrar com eles. Eu também me solidarizo nessa missão de achar os alemães parvos.

Salzburgo é uma cidade tão bonita que quase não se dá por ela. O centro está cheio de edifícios barrocos a espreitar para o rio, misturados com edifícios modernos e inteligentemente proporcionados. Dá vontade de não mexer em nada, não vá partir-se alguma coisa. Os arredores são ainda mais bonitos, com montanhas mais altas que qualquer Serra da Estrela, cabines de desportos de Inverno por todo o lado e casas de madeira, espaçosas, quadradas e de grandes telhados negros. Tudo limpo e arrumadinho, como se a empregada tivesse vindo trabalhar nessa manhã. Há uns lagos fantásticos, a perder de vista, suportando as montanhas de um lado e de outro. E a mim, que sou fino, hospedaram-me num hotel que é um castelo. Tão incrível e inacessível que não se chega lá de carro – levam-me numa lancha rápida, um passeio lindo e agradável que só não é mais lindo e mais agradável porque o frio corta-me os beiços como se estivesse a enfiar a cara num balde de gelo. Entra-se por um jardim que mais parece uma plateia para a Áustria inteira, depois passa-se por um túnel feito nas entranhas da rocha cujo caminho está marcado por velas e tochas e, quando já começava a imaginar uma recepção cheia de teias de aranha, com mobiliário antigo e morcegos a esvoaçar de um lado para o outro, dou com uma comissão de boas-vindas num moderno e impecavelmente remodelado lobby, cheio de mobiliário envidraçado e criativo.

Primeira inevitável curiosidade: quantos pedaços da minha biologia eu teria que entregar ao cozinheiro para pagar tão-somente cinco minutos de estadia naquele sítio? Nada. Procurei por todo o lado, não há uma única tabela de preços. Nem a Stiegl fresquinha que eu pedi no bar me deixaram pagar. «Isto é tudo negociado a priori», diz o relações públicas daquele espaço: «herr Didi não gosta de conversas sobre dinheiro. Não há uma única caixa registadora no hotel e todo o dinheiro que vais encontrar por aqui há-de estar nos bolsos de alguém».

Convém explicar: «herr Didi» é Dietriech Mateschitz, dono de uma bebida chamada Red Bull (bom, tecnicamente, não é assim dono, dono, dono… tem 49% do capital, mas é ele que tomas as decisões todas), multi-milionário, um boémio que não bebe nem fuma, mas anda sempre rodeado de mulheres que nem o Briatore conseguiu conhecer. Tem tanto dinheiro que é dono de mais de metade da cidade de Salzburgo, mas vive numa ilha das Fiji que comprou à família Forbes por 10 milhões de euros (e vai para lá de avião e é ele que «conduz»). Metade do aeroporto de Salzburgo é dele e inclui uma exposição de alguns dos aviões acrobáticos da Air Race (da Red Bull), carros de Fórmula 1 (da Red Bull) e o mais impecavelmente restaurado Piper Super Club que eu já vi (que não é da Red Bull, é dele mesmo, e ao que parece gosta de andar a passear com ele). Tem um hangar só para ele, onde está a reconstruir, pelo menos, um DC-3 e um Caravelle (e eu só consegui ver estes dois). O clube Casino de Salzburgo é dele e agora chama-se, vá-se lá entender porquê, «Red Bull Salzburgo». E a montanha do lado de lá de um dos 185 lagos da região é dele, precisamente aquela que tem oito castelos todos reconstruídos, que servem agora de hospedagem de luxo para individuais ou grupos. Negoceia à distância por antecipação e os preços a pagar incluem tudo, mesmo tudo, o que é serviço do hotel: cama, mesa, bar, piscina, spa, transporte, manicure, vernissage, patisserie, e outras porcarias em estrangeiro. O que é que faz num sítio como este um gajo como eu, que não tem dinheiro nem para mandar cantar o ceguinho do metro das Laranjeiras? É uma boa pergunta, mas que vão ter que a colocar aos senhores que me levaram até lá.

O hotel/castelo é gigantesco e o meu quarto é, obviamente e como manda a tradição, o último e mais longínquo do hotel. Quando saí do quarto para jantar, perdi-me três vezes nos corredores e parei a meio para tomar um aperitivo. Por duas vezes tinha a certeza do caminho e acabei na lavandaria. E ao jantar, ao qual consegui chegar 55 minutos depois de ter fechado a porta do quarto, reencontrei, finalmente, o meu interlocutor da hora do almoço.


- «Onde andaste, pá?»
- «A ver as vistas», disse eu, sem dar parte fraca. «Isto é lindo, o que é que há para não gostar num sítio como este?»
- «Hum… está sempre a chover.»
- «Sempre?!»
- «Quer dizer… quando não está a chover, está a nevar. Bom é lá para os vossos lados, onde está sempre sol.»

Bom, primeiro que tudo, tu não fazes ideia de onde eu venho, por isso, faz o favor de não me misturar com a horda de espanhóis que está aí ao teu lado a falar alto, a comer com as mãos e a cuspir perdigotos. Segundo, peço desculpa mas eu não trocava isto por um país cheio de sol. Aqui estamos na 10ª melhor economia do mundo, o PIB da Áustria não pára de crescer desde os anos 90 e é tudo tão organizadinho que parece a Suíça, mas para melhor.

- «Sabes…», diz ele enquanto lambe a espuma da cerveja do lábio superior, «isso é tudo muito bonito, mas não és tu que tens que passar a vida a ouvir a aturar os alemães, nem os turistas idiotas que aqui vêem à procura de sinais do Adolf».
- «O Adolfo… pois é, o tal que era assim meio abichanado e que levava porrada do pai quando era pequeno… nasceu por estes lados, não foi?»
- «Se andares 60 km para norte dás com a casa dele, em Braunau. É fácil reconhecer, mesmo à porta tem uma lápide colocada pelos austríacos que foi feita a partir da pedra de um campo de concentração, onde se faz um apelo do tipo ‘fascismo nunca mais’, mas que hoje está completamente vandalizada e pintada com suásticas pelos estúpidos dos neo-nazis alemães que aqui vêm em peregrinação».
- «Deixa lá… eu do Adolfo só gosto de me lembrar que um dia se matou, a ele e à Eva, cheio de medo de ser capturado pelos soviéticos, num bunker, em Berlim», tentei rematar, com uma gargalhada tão idiota que até a mim me assustou.
- «Pois… nós também…»

o

1 comment:

Anonymous said...

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