Se a Vodafone consegue, porque é que os outros não?
Devo dizer que não tenho nenhuma predilecção especial pela Vodafone, embora reconheça que, hoje em dia, é uma marca registada com uma amplitude e uma projecção difíceis de calcular. Mas quase dou por mim a contar os dias para que termine uma estação para ver o que vão inventar da próxima vez. Aqueles dois lorpas são duas das mais cómicas figuras da TV. Hoje vêmo-los na estação de Belém, à espera do Baltazar. Mas já os vimos, no Verão, a lamentar a fuga do papagaio caríssimo. Na Primavera, a (tentar) meter conversa com o Olavo Bilac. Ou no Verão anterior, a mandar calar um cão que ladrava também ele rouco. Ou ainda no mais cómico de sempre, num destes natais, em que lembravam a Heidi e o sítio onde supostamente morava.
Refiro-me às campanhas «fale até não poder mais» daquele operador. Não creio que custem rios de dinheiro a fazer, mas estou em crer que conquistem muitos clientes. Cativam, têm génio, têm espírito, criam no espectador a vontade de esperar pelo próximo intervalo para rever o anúncio. Ou então deixar estar na TVI, porque nos blocos comerciais de 20 minutos é frequente ver os anúncios repetidos. Às três de cada vez.
Se criam no espectador a vontade de ver mais vezes, é meio caminho para que se cumpra o desígnio máximo do marketing: criar no consumidor a necessidade de ter aquele produto.
Não entendo, por isso, como é que se cativa alguém dizendo: «o nosso anúncio é mau, pois é. Mas preferimos gastar menos dinheiro com anúncios e ter um óleo de melhor qualidade». (Se ainda não repararam, há um anúncio assim...) Onde está a vantagem de mostrar ao cliente que, com os 230 mil euros que custaram comprar os blocos de 20 segundos no intervalo da Floribella, se conseguiu apenas fazer um anúncio mau? Não seria mais eficaz mostrar que, gastando menos em produção, se gastaria o mesmo dinheiro em publicidade na TV para dizer, simplesmente: «comprámos este espaço publicitário para lhe dizer que esté é o óleo perfeito para os seus cozinhados». Fundo vermelho, para chamar a atenção, imagem do produto e letras a amarelo com o nome. Simples, directo, eficaz.
Passemos dos pouco inteligentes aos medíocres. Evitando tecer comentários sobre os spots da Yorn (aparentemente, é suposto ser assim... talvez porque todos os yorns devem ser uns freaks), tenho que fazer referência a duas monstruosidades que nos invadem as TV, ainda por cima sem autorização nossa.
No primeiro caso, um jovem com muito pêlo e nenhuma ponta por onde se lhe pegue enfatiza uma espécie de striptease lânguido e desconjuntado ao mesmo tempo, na esperança que alguém lhe ponha uma nota de 20 na liga. Depois alguém vocifera o slogan, alguma coisa do género 'não precisa de se esforçar para ter dinheiro, ligue para nós que a malta empresta'. No segundo caso, um jovem despede-se do seu amorzinho no aeroporto, porque ela vai embarcar para longe e, coitada, vai passar dois meses sem ver o seu amado. Então ele saca da arma infalível para ela nunca o esquecer: no bolso interior do casaco, de facto o local mais apropriado para o efeito, escondia uma caixa de bonbons! UAU! Emoção! Mas o que mais abonina no maldito anúncio é a música, uma dobragem do original que faz dois ou três trocadilhos ridículos com os termos «obrigado» e «merci».
São apenas alguns exemplos. Para mal dos nossos pecados, a lista dos maus anúncios de TV não teria fim a tempo de caber neste blog. A lista dos bons tem apenas uma mão-cheia de entradas.
e porque 2013 está a chegar...
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não sou de fazer resoluções, escrever sobre o ano que aí vem. mas sendo que
colectivamente temos de nos preparar para o desastre, quero traçar aqui
alguns ...
12 years ago
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